Vida passando
gente morrendo
na fila esperando
a cura chegar
a cura se atrasa
não há pressa, há preço
é caro
é caro
cê tem que pagar
ou paga ou morre
simples assim
ou paga
ou paga
com seu próprio rim
vida passando
gente morrendo
a cura deixando
a fila pra lá
a fila se abrasa
o mal é intenso
entendo
entendo
mas só se pagar
ou paga ou morre
coitado de mim
ou morre
ou morre
pagar?
nem assim...
não sobra escolha
nem tempo nem nada
é caro
meu caro
cê vai se virar
com as mãos para o alto
pois é um assalto
com as mãos para o alto
para a salvação
respira
respira
é só um assalto
respira
respira
é cheque ou cartão?
o cartão foi aceito
e você também
segunda à direita
vai logo, meu bem
abra bem a boca
com a língua pra fora
pra ver se a garganta
aguenta engolir
está tudo certo
a dor não existe
você que está triste
e foi se confundir
está tudo bem
levanta da maca
vê se não empaca
e sai logo daqui
a cura o expulsa
mas a dor persiste
e dói e inexiste
e o mata
e aí?
4 comentários:
Olá Paulus!
Gostei imenso deste teu poema. De forma escorreita e interventivo quanto baste. Adora o teu acutilante sentido de humor acerca das coisas mais sérias,e é exactamente aí onde tudo nos dói, que o humor é necessário.
E quando uma imaginação é fértil, todo o fruto podre já foi um fruto verde, e resplandecente de maduro...:-)
Gostei, e voltarei quando tiver um pouco de tempo,para ler mais.
Obrigada pelo teu comentário no meu blog.
xx
Gente!! Adorei!! Você parece ter uma facilidade imensa em deixar as palavras surgirem e encaixarem-se umas nas outras. Um dos melhores que andei lendo estes dias *-*
Beijão
Suas palavras dançam, é melodia, é pura poesia
Um retrato lírico da sociedade moderna. Que sábia compreensão do que se passa a nossa volta!
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