Havia um pobre no aeroporto
e o desejo que estivesse morto
fosse ele mais um funcionário
ou viajasse em um outro horário
poderia até passar batido
esse cordão igual ao do bandido
essa bermuda caída
essa risada atrevida
a voz alta e reclamona
essa camisa bem cafona
e sua mochila agarrando
na esteira das malas justo quando
a bagagem do queixoso passa
ele engole sem choro a pirraça
e a reação deveras temerária
contra esses ares de rodoviária
advindos desses tipos vis
que destruíam todo o seu país
enquanto aguarda a hora da virada
pra sair do armário a pátria armada
e revelar que um filho seu não foge à luta
o filho que é seu
o filho da puta.
(Paulo Vitor Cruz)
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