Devolva-me o verde amarelo
sabor fruta fresca banhada em suor
que convida pra festa
e samba e afronta
e capoeira e enfrenta
a mazela na próxima esquina
devolva-me o verde
o amarelo
e seus sentidos
quero de volta o afago
de tempos idos
porque o meu verde não farda
floresce diverso e acolhe em paz
cochila gostoso a cuca fresca
porque o sangue que jorra é ouro roubado
eu choro arrasado
porque amo e não quero perder
e eu perco e perco
e perco e perco
e então
quero morrer
quero morrer
qualquer morte sem cor
melhor ser vazio
que aluidor
dos matizes
das preces
das casas
das gentes
já chega
me devolve
devolva-me logo
devolva-me logo o verde amarelo
o tom da aquarela que inunda meus olhos
porque eu quero é batucada à beira mar
ou me afogo - eu sou poeta -
ou padeço - eu sou poeta -
eu sou poeta e careço
eu careço de vibrar.
(Paulo Vitor Cruz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário