10/04/2020
Clausura
Mas que aperto
ninguém por perto
respiro
o peito
está deserto
a clausura entedia e desespera
me guardo no quarto
lá fora amanhece
e eu anoiteço
empalideço
e me embaraço
e me confundo
e me rechaço
e quero e não quero e quero e não quero aquilo mais
ansiosa a mente
visita o momento em que tudo acaba
o momento em que tudo acaba
e eu renasço
consciente do quanto fere
ser casso
vou urgir o toque nessa hora
e haurir o cheiro
e transpor a pele
para impregnar ligeiro
a carne com o que é humano
como quem preserva o companheiro
do dano destes tempos
de não ser
de corpo inteiro.
(Paulo Vitor Cruz)
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