Todo mundo tem o seu momento de glória
te conto com orgulho
que hoje mais cedo
entre as paredes duramente erguidas
na cidade onde quase tudo é concreto
eu tive o meu
estava ali na fila do pão
quando apareceu um capitalista degenerado
incitando pessoas a vender a alma
conversamos por alguns instantes
tentei convencê-lo
mas ele
infelizmente
não observou muito valor na minha existência errante
ofereceu-me um espelho
com a devida delicadeza daquele que carrega nos ombros
a obrigação moral de conceder a todos
alguma chance de negócio
ofereceu-me um espelho
um espelhinho apenas
nada mais
posto isso
pensei o tempo que fosse justo pensar
diante de uma escolha de tamanha importância
e aceitei oportunamente o escambo
- captei
entre os desencontros de olhares que me foram permitidos
algum brilho naquele espelho
e tudo o que brilha
me encanta de alguma forma -
finda a negociata e já em posse de meu novo espelho
vi o mundo doente
tentei chorar
copiosamente
porque o momento pedia
tentei chorar
tentei chorar
tentei chorar
e eu consegui!
(Paulo Vitor F. da Cruz)
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