Oh, pedacinho inútil de madeira
resto ordinário trabalhado em verniz
sobra que amontoa o esquecimento
descarte rotineiro desta fabriqueta
- que sequer tem nome
ou mero endereço
só a produção de fundo de quintal -
desconsiderado
tu não farás parte
da mobília simples
de feição vulgar
seu futuro torpe
não
eu não conheço
pra ser bem sincero
de ti
pouco sei
melhor que eu não pense
melhor que eu não veja
miseravelmente
quero não saber
pois sabendo
eu sinto
e sentindo
sofro
sem sua mazela
eu sou mais feliz
tu que foste planta
e viveu bonito
forneceu madeira
e morreu em paz
já não adianta
esboçar seu brilho
tola bagatela
que já tanto faz
porque não demora
mais que uma noite
para a companhia de limpeza urbana
pôr sua carcaça na caçamba suja
e dar cabo logo da hostil matéria
que não tem valia
morta e incapaz
vilipendiado
tu não serve mais.
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