03/09/2016

Entre a tinta e o sangue

Escrevo assim como quem mata
ao modo frio e calculado

e o prazer vem por instinto
vem sem freio nem pecado

visceral
como a raiva
no universo virtual

nada sobra ao que falece
senão o fim

nada sobra

entrego a vida
o momento da vida
a tormenta
a alegria
e a frustração

porque palavra é corpo
e corpo cai
apaga
morre
enterra
é nada
é parte
chão

chão donde vem nova vida
vida que vem e resiste
por mais um tempo
e mais um tempo

escrevo assim como quem mata
e dá cabo d'um qualquer

o sadismo sentido
o envolvimento completo
o mal

santificam o afago endiabrado
a violência apaixonada e sem pudor

escrevo assim como quem mata
psicopata
sou.

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