para violentar o tempo sol e chuva
criar uma série de outros motivos falsos
que não traduzem o sangue e suor que disponho ao escrever
escrevo por não saber me conter
ainda que nada contenha
na carência de novidades
apego-me à invenção de uma mentira descarada
desmentida por mim mesmo três segundos após ser proferida
e escrevo por descontração
tentativa de convencer-te a baixar a guarda
e manter você aí
do outro lado
de alguma forma
aqui
na carência de esperanças de consegui-lo
confio no desespero
e aguardo a decadência impacientemente
enquanto escrevo frases ingênuas para me explicar
como a menina que espera para ganhar sua primeira boneca no natal próximo
na carência de razão no embate palavra invenção
encontro compreensão na força sem modos do discurso emocionado
na carência dum abraço amigo de boas vindas
a funesta dor invade a casa
carência
toda ela imersa na carência de alguém para escrever contando tudo isso
carência
por carência escrevo estes versos
que não deveriam acontecer em minha vida
mas que no entanto são escritos
vividos plenamente na confusão do dia azul
e sentidos com a mesma intensidade
da explosão fatal
de cometas suicidas.
(Paullus Victhórius)
2 comentários:
Enigmático, desafiante, belo...
Abraço :)
sempre o desejo e a falta
depois a busca
essa vontade de dizer coisas a todo custo, às vezes entro em parafuso
Postar um comentário